quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Uma Viagem em busca de um sonho de liberdade - Primeira Etapa

Hoje viajaremos para uma ilha localizada no noroeste da Europa.
Na maior parte do ano as temperaturas por lá são bem baixas. No inverno então é bem gelado!!!
Porém a Ilha possui uma história que mais parece um vulcão fumegante, marcada por muitas lutas e violência.
Nosso destino é a Ilha da Irlanda.
Ilha da Irlanda???Socorro Geografia!!!
A ilha Irlanda é uma das maiores da Europa. Possui 84 mil km² e é um pouco menor que o Estado de Santa Catarina que possui aproximadamente 95 mil Km².
Localizada no oceano Atlântico, a na parte noroeste da Europa (veja o mapa 1 - abaixo).



È vizinha de uma Ilha mais famosa: a Grã-Bretanha que hospeda a Inglaterra, a Escócia e o País de Gales.
As duas Ilhas: Irlanda e Grã-Bretanha, mais uma série de outras ilhas menores localizadas no entorno, formam um conjunto geográfico conhecido como Ilhas Britânicas. (Veja mapa 2 abaixo)




Até 1920 a Irlanda era um único País e tinha como Capital a cidade de Dublin. Em 1920 o País foi dividido. Essa divisão foi causa de um longo conflito que matou muitas pessoas e se estendeu até o final dos anos 1990.
Politicamente a Grã-Bretanha, formada por Inglaterra, Escócia e País de Gales formam, junto com a Irlanda do Norte o Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda do Norte.




Uma Viagem em busca de um sonho de liberdade - Segunda Etapa

Conhecendo um pouco da História da Irlanda...
Nesta etapa de nossa viagem vamos conhecer  um pouco da História da Irlanda.

A Irlanda tem sua história marcada pela violência e por muitos conflitos. As raízes destes conflitos são tão antigas que fica difícil estabelecer o começo.
Nos primórdios eram os Clãs que viviam na ilha que guerreavam entre si, disputando espaço e poder.
Depois, principalmente a partir da idade média (de 1200 em diante), a Inglaterra e seus reis viram na conquista do território Irlandês, uma forma de aumentar suas riquezas e seus domínios. 
Nós, aqui nesta nossa viagem histórica, vamos estabelecer como ponto de partida para entender os conflitos que marcaram a Ilha, o começo das lutas entre católicos e protestantes. Estes conflitos começam a partir de 1541 (século XVI), quando era Rei da Inglaterra Henrique VIII.
Além de ser famoso por ter tido 6 mulheres, Henrique VIII era um rei protestante (na realidade ele fundou a igreja anglicana, que é a igreja protestante britânica) e como tal começou a introduzir o protestantismo na região.
Os irlandeses, cuja maioria era católica, começam então uma série de revoltas contra a Inglaterra.
Mas porque os Reis da Inglaterra queriam implantar o protestantismo numa terra católica?
Os reis protestantes da Inglaterra temiam que os reis católicos da França e Espanha, seus rivais na disputa pelo poder na Europa, pudessem fazer acordos com os Irlandeses e utilizassem a Ilha para invadir a Grã-Bretanha.
Então os Reis da Inglaterra começaram a fazer um trabalho de conversão dos católicos?
Na verdade não. Ao invés disso, os Reis da Inglaterra, passam a doar as terras do norte da Irlanda, para colonos protestantes da Escócia e da Inglaterra.
Diversas rebeliões comandadas por católicos, ao longo dos séculos foram sendo esmagadas pelos Reis da Inglaterra e com o tempo os protestantes passam a ser a maioria no norte da Irlanda. Na realidade foi atingida após o ano de 1690.


Embora maioria apenas no norte, os protestantes detém o poder econômico e controlam a política, ou seja, detém o poder. Desde então o parlamento irlandês, de maioria protestante, começa a votar uma série de leis contra os católicos. Os católicos passam então a ser discriminados e a ter seus direitos reduzidos.
A partir do inicio dos anos de 1700, menos de 10% das terras pertencem aos católicos e a Irlanda é praticamente uma colônia Inglesa.  As divergências econômicas e políticas entre os católicos do sul os protestantes do norte aumentam muito.
Para piorar, no sul, o aumento da população, a distribuição desigual de terras e a decadência das indústrias provocam uma redução da qualidade de vida.
No norte, a indústria têxtil e a construção naval prosperam e o padrão de vida aumenta. Os protestantes controlam o Parlamento da Irlanda e restringem ainda mais os direitos dos católicos
Em 1800, o parlamento britânico e o parlamento irlandês, dominado por protestantes, aprovam em conjunto uma lei conhecida como “Ato de União”, que fecha o Parlamento da Irlanda e integra o país ao Reino Unido.
No entanto, os católicos querem uma Irlanda independente. As sementes do conflito estão lançadas.
Na década de 1840, devido à fome e falta de oportunidades os irlandeses, principalmente católicos, emigram em massa para os Estados Unidos. De lá, passaram a enviar recursos para financiar a guerra, na Irlanda, contra os protestantes e o governo Inglês.

Uma Viagem em busca de um sonho de liberdade - Terceira Parte

A luta pela Independência divide um povo.
Enquanto os católicos do sul desejam a independência do Reino Unido, os protestantes do Norte são contra esta mesma independência. Devemos lembrar que os protestantes são originários ou descendentes de ingleses e escoceses e, portanto, considerados invasores pelos irlandeses.
No inicio dos anos 1900 (século XX) os protestantes formam o Partido Unionista que passa a defender a união de seu país ao Reino Unido.
Os católicos por sua vez formam, em 1905, o partido Sinn Féin (Partido Nacionalista de Esquerda), que passa a defender o Estado Irlandês independente.
Em 1916 um episódio violento que ficou conhecido como Páscoa Sangrenta mais uma vez marcará a história Irlandesa. No dia 24 de abril, poetas, pequenos comerciantes, artistas, sindicalistas organizados em torno da chamada Irmandade Republicana Irlandesa, ocupam os principais prédios públicos de Dublin e proclamam a República da Irlanda. Houve muita luta entre os manifestantes e as tropas inglesas, vários manifestantes são presos e todos os chefes rebeldes são mortos.
Entre os manifestantes presos está um jovem, então com 26 anos, que em breve se tornará um dos lideres da luta pela independência da Irlanda. Ele se chama Michael Collins.
Ainda na prisão Michael Collins passa a organizar um grupo de guerrilha que será a semente do Exército Republicano Irlandês (IRA). Oficialmente criado em 1918, o IRA terá um importante papel na história da Ilha a partir de então.


  Michael Collins 

Uma Viagem em busca de um sonho de liberdade - Quarta Etapa

A longa Jornada do IRA e a luta pela independência da Irlanda do Norte
Um momento, por favor!...Qual a origem desta sigla IRA?
IRA vem do original inglês: Irish Republican Army que em português foi traduzido para Exército Republicano Irlandês. Michael Collins comandará o IRA até o dia de sua morte.
Durante o período de 1919 a 1922 o IRA vai exercer uma grande pressão sobre o governo inglês através de emboscadas, atentados a quartéis e a edifícios que representavam a autoridade inglesa na Irlanda
Em março 1922, a ilha da Irlanda é divida em duas. A parte norte, de maioria protestante, formada por 6 condados, fica sob domínio inglês e passa a se chamar Irlanda do Norte, com a cidade de Belfast como Capital.


A parte maior da Ilha, 85% do total do território, de maioria católica, conquista a tão sonhada independência, passa a ser chamada de República da Irlanda, ou Eire na língua Irlandesa, tendo Dublin como Capital.



A separação do território divide o povo Irlandês e o IRA, pois muitos ficaram contra esta divisão e querem continuar a luta pela independência total da Irlanda. Entretanto outros membros do IRA haviam assinado com a Inglaterra, o tratado que dividiu a Irlanda em duas, entre eles o líder Michael Collins.
Esta divisão vai originar uma série de confrontos que se tornaria conhecida como guerra civil irlandesa. Desta vez o inimigo não é mais formado por ingleses e sim por irlandeses que defendiam idéias e causas diferentes.
È dentro desta guerra civil que em 1922, Michael Collins é assassinado por dissidentes do próprio    IRA, contrários ao acordo com o governo inglês que promoveu independência de apenas uma parte da Irlanda.
Durante os anos seguintes O IRA muda seus objetivos e tendências diversas vezes. Nos anos de 1930 terá uma postura mais socialista.
O período da Segunda Guerra é um período de controvérsia para o IRA. Sua briga com a Inglaterra leva o IRA a se colocar do lado da Alemanha Nazista.



Uma Viagem em busca de um sonho de liberdade - Quinta Etapa

A luta pelos Direitos Civis... mais um ingrediente é adicionado a causa.
Na década de 1960, o conflito entre católicos e protestantes se agrava. A partir de então o principal motivo destes conflitos é a intransigência da maioria protestante, reunida no conservador partido Unionista, em conceder igualdade de direitos à minoria católica.
Quando em 1967, a comunidade católica funda a Associação dos Direitos Civis (NICRA – do Inglês Norther Ireland Civil Rights Association), o IRA a principio se omite.
As mobilizações e passeatas pelos direitos civis tiveram início pacífico, porém grupos Unionistas começaram a empregar a força bruta com o objetivo de impedir as manifestações públicas. O choque se tornou inevitável.

Mural pelos direitos civis (http://www.viski.com)

Quando partir do inicio de 1969, a violência se torna rotina nas principais ruas das principais cidades da Irlanda do Norte, especialmente em Londonderry e em Belfalt, uma parte do IRA também se radicaliza. Ocorre uma divisão dentro do IRA e nasce o letal IRA Provisório (PIRA), em oposição ao IRA Oficial.
Em 30 de Janeiro de 1972, um domingo, uma marcha pacífica pelos direitos civis, em Londonderry, foi brutalmente reprimida por uma tropa de pára-quedistas do exército britânico. Manifestantes civis desarmados foram mortos  (dependendo da fonte, o número varia entre 13 e 26), e muitos outros ficaram feridos. Este confronto terá grande repercussão internacional e entrará para a história como “Bloody Sunday” (Domingo sangrento).
O episódio do Bloody Sunday vai fortalecer o IRA, que estava com a popularidade em baixa nesta época. O povo passa a apoiá-lo. Muitos voluntários se apresentam para integrar as forças do IRA. O IRA passa a apoiar abertamente o Movimento pelos Direitos Civis e utilizará o Bloody Sunday como justificativa para vários ataques de represaria contra o governo Britânico. Belfast vira um campo de guerra. O governo Britânico reage retirando o controle de segurança e a autoridade do Governo Irlandês que passa a ser comandado por Londres.
No decorrer das décadas de 1970 e 1980, a luta continuou. Em 1984 o IRA tentou assassinar a então primeira ministra Margareth Thatcher.
Em 1994, o IRA anunciou um cessar-fogo. As negociações entre britânicos e irlandeses arrastaram-se até janeiro de 1996. Em fevereiro do mesmo ano o IRA explodiu uma bomba no centro financeiro de Londres, colocando um fim à trégua e retomando a campanha terrorista.
Em 1997 as negociações de paz retomaram. O IRA anuncia novo cessar-fogo.

Em abril de 1998 um novo acordo de paz assinado entre a Grã-Bretanha, e os Irlandeses do Norte, incluindo o IRA, restabelece a autoridade política do governo de Belfast. Também pelo acordo presos políticos são libertados e o IRA deve depor suas armas.
Uma facção do IRA, entretanto, não concorda em depor as armas e provoca novos atentados.
No final de 2001, o IRA começa a desfazer seu arsenal bélico.
No dia 28 de julho de 2005 o IRA, renuncia oficialmente á luta armada. Declarou também que prosseguiria com sua luta pela unificação da região com a República da Irlanda pela "via política". 


Em 8 de maio de 2007, uma histórica cerimônia em Belfast deu início a um novo governo de união na província britânica da Irlanda do Norte. Depois de tantos anos de conflitos sanguinolentos, os protestantes do Partido Unionista Democrático e os católicos do Sinn Fein concordaram em dividir o poder. O acerto tem a bênção da Inglaterra, que ainda administra a Irlanda do Norte.




Referências Bibliográficas

FERRITER, Diarmaid. Ireland in the Twentieth Century. Disponível em: http://www.gov.ie/en/essays/twentieth.html acesso em 21 outubro 2010.
JOANNON, Pierre. Michel Collins – O Preço da Liberdade. Revista História Viva edição 62. Dezembro 2008. Disponível em: http://www2.uol.com.br/historiaviva/reportagens/michael_collins_-_o_preco_da_liberdade_imprimir.html acesso em: 20 outubro 2010.
SOUZA BONUGLI, Marcus Vinicius. The Green Book: O conteúdo nacionalista nos manuais de conduta do IRA – Novembro de 2008. (Trabalho de conclusão de curso de História). Instituto de Filosofia e Ciência Humanas, Universidade federal do Rio Grande do Sul. Disponível em: http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/16049/000691758.pdf?sequence=1, acesso em: 17 outubro 2010.
VISACRO, Alessandro. A jornada do IRA. In: Guerra irregular: Terrorismo, guerrilha e movimentos de resistência ao longo da história. Contexto. 2009
THE TOUBLES, 1963 to 1985, BBC History, publicado em: 2007-02-01. Disponível em http://www.bbc.co.uk/history/recent/troubles/the_troubles_article_02.shtml, acesso em: 14 outubro 2010.